Caros Colegas,

Quis os meandros da vida que o dia primeiro de abril entrasse para nossa história como o dia da verdade e não da mentira.

O percurso foi extenso e doloroso como o de um peregrino que sai em busca de verdades, dando-se a oportunidade de olhar para si mesmo. Essa foi a nossa saga de descobrimento até desanuviar o olhar e libertar o grito, nunca plenamente contido, mas institucionalmente amordaçado.

A peregrinação iniciou lá pelos idos de 2011, na então associação, antes da unificação das entidades. Naquele instante, na cerimônia de posse da nova diretoria, a verdade rompeu o silencio publicamente pela primeira vez e a lufada por novos dias se espraiou em todas as direções. Foi um grito uníssono que irrompeu e delimitou território frente as vozes do antigo regime. Vou designá-los assim em referência ao Ancien Régime.

Demoramos em nos convencer plenamente, mas é costume da vida testar a coragem e a paciência daqueles que, por circunstancia outras, enxergaram o ardil primeiro. O tempo espia para fortalecer e amadurecer os argumentos, traduzindo-os para o convencimento coletivo. Para além da nossa vontade naturalmente impulsiva transformadora, sempre necessária para quem deseja romper o silêncio, há o tempo certo para todas as coisas. Angustias estabelecidas, paciência em prova, chegamos ao amadurecimento em 2016 e, numa assembleia geral pulsante, decidimos formalizar jurídica e politicamente o grito que já não se continha em nós.

Meus amigos e amigas, inúmeros eventos se sucederam até os dias de hoje. Impossível enumerá-los. Todos guardados, cada delegado a sua maneira, no íntimo de quem sofreu a represália de lutar pelo que estabelece a ordem constitucional dentro do sistema investigativo democrático. Tudo que as senhoras e senhores possam imaginar, o submundo do antigo regime praticou contra nossos pares. Achando-se nobres, receosos com a rebelião da plebe, em seu imaginário totalitário tinham a todos como meras peças de um tabuleiro descartável e utilizaram de toda a influência para manter seu status quo: não conseguiram, e jamais conseguirão. As máscaras empregadas nos dias festivos de baile da nobreza, foram arrancadas pelos ventos da mudança e a guilhotina da justiça decepou a imoralidade.

Delegados e delegadas da Bahia, cabe a ADPEB, através da voz de sua diretoria, enaltecer e agradecer cada um de vocês pelo voto de confiança depositado. Foi essa força coletiva, somada a grandeza dos propósitos que nos impulsionou. Sintam-se atores desse processo de transformação que precisamos intensificar a cada instante. Não há trégua! A defesa de valores democráticos para nossa instituição exige dedicação, espírito coletivo e vigilância constante.

Aos nossos pares que mais enfrentaram a movimentação perseguidora do antigo regime, INSURGENTES por vocação, não posso deixar de destacar, e em particular confessar, que guardo em mim todas as emoções vividas e compartilhadas com cada um de vocês, das alegrias aos dissabores. Não foi fácil, pois a máquina de triturar gente que resiste foi acionada. Vocês foram perseguidos, rechaçados, tiveram carreiras brilhantes interrompidas, “amigos” se afastaram, traídos, enfim, amarguras próprias de quem decide sair do lugar comum, de quem não aceita o discurso débil, de quem não busca abrigo durante a tormenta. Ao contrário, saímos em corpus desnudos durante a tempestade, mas nos abrigamos com a armadura tecida com a força dos laços que nos uniu e a certeza que nosso levante foi em defesa de uma instituição dilacerada. Aos INSURGENTES, rendo-lhes, sem citar nomes, as homenagens devidas, absorto no aprendizado de vida que me proporcionaram e no amor que nutro por vocês.

Chegamos assim meus amigos e colegas ao início de uma nova jornada, pois o que conta ao final é que criamos a trincheira da resistência por acreditar no porvir. A ADPEB acompanhará o desenrolar de todo esse momento transformador, tendo a certeza que nossa instituição, através da Delegada Geral, Dra. Heloisa Brito, e do diretor do departamento de inteligência, Dr. Edenir de Macedo Cerqueira, saberá abrigar e proteger, nos termos da Constituição Federal, o então exilado Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD).

Por fim, reafirmo aos meus pares e a gestão da Secretaria de Segurança Pública e Polícia Civil, o compromisso da ADPEB, em buscar soluções que nos direcione ao caminho da excelência em nossos serviços a sociedade e não mediremos esforços em auxiliar no que for necessário para criarmos com solidez, somado aos já existentes, um corpo de experts a altura da Polícia Judiciária da Bahia. Não há mistério para conduzir a ferramenta, nem se exige brilhantismo especial na sua condução, o conhecimento precisa ser difundido para que a instituição se fortaleça.

Feliz dia da verdade para todos os delegados e delegadas de polícia da Bahia.

Bem-vindo LAB, seu exílio acabou.